Um renomado canonista do século 17 refutou o Sedevacantismo

fevereiro 5, 2025
Sedevacantismo
admin

Aqueles que cautelosamente leram os escritos dos sedevacantistas ao longo dos anos sem dúvida são familiarizados com suas táticas. Se caso eles encontrarem uma citação que eles pensam que apoie sua posição, o autor em questão será elogiado aos céus e a citação apresentada como absoluta e irrefutável “prova” para sua posição. Esse é o caso com qualquer citação que pode ser usada para apoiar sua posição. Por outro lado, quando a citação de uma autoridade de igual ou maior peso é apresentada, que explicitamente e diretamente refuta sua posição, eles simplesmente a ignoram. Ou, se pressionados a comentar, declararão que ele está errado, e seguirão em frente sem pensar duas vezes. Eles também farão isso quando forem apresentadas citações de seus teólogos favoritos quando a citação em particular diretamente refuta a sua posição. Quando eles acreditam que um teólogo concorda com eles, ele é tratado como um oráculo infalível cujos ensinamentos não podem ser questionados; no entanto, quando o mesmo discordar deles, eles o desconsiderarão e até rejeitarão seus ensinamentos publicamente.

Para aqueles sedevacantistas de boa vontade (e também baseado em alguns e-mails recentes que havia recebido, há muitos de vocês por aí), nós iremos fornecer uma citação de um dos maiores canonistas do início do século 17, o qual diretamente e explicitamente refuta a posição sedevacantista (que, aliás, a própria Igreja já havia feito quase 800 anos antes, no Quarto Concílio de Constantinopla). A citação não requer quaisquer passos adicionais de raciocínio para ela ser aplicada à questão. Ela aborda diretamente a hipótese de um notório Papa herético que, no entanto, é tolerado pela Igreja. Em outras palavras, mesmo que alguém acredite que o Papa Francisco é um herege notório, essa citação aborda diretamente o que aconteceria se tal pessoa permanecesse no cargo e continuasse a ser reconhecido como Papa pela Igreja.

A citação é do Pe. Paul Laymann, que viveu na época de São Roberto Belarmino e foi membro da Ordem Jesuíta. Pe. Laymann nasceu na Alemanha em 1574, entrou na Ordem Jesuíta em 1594, e foi ordenado sacerdote em 1603. Ele ensinou filosofia na Universidade de Ingolstadt de 1603 a 1609, ensinou teologia moral na casa Jesuíta em Monique de 1609 a 1625, e ensinou direito canônico na Universidade de Dillingen de 1625 a 1632. A Enciclopédia Católica explica que “ele foi um dos maiores moralistas e canonistas do seu tempo, e um copioso escritor nos assuntos filosófico, moral e jurídico.”

A seguinte citação trata de um Papa que foi retirado do livro de Laymann Theologia Moralis, livro 2, tratado 1, capítulo 2, p. 153, publicado em 1700. Ela nos fornece com um claro ensinamento sobre o que acontece no caso de um notório Papa herético que é tolerado pela Igreja. Aqui está:

“É mais provável que o Sumo Pontífice, no que diz respeito a sua própria pessoa, poderia cair em heresia, mesmo uma notória, razão pela qual ele mereceria ser deposto da Igreja, ou melhor, declarado separado dela. … A prova desta afirmação é que nem as Sagradas Escrituras nem a tradição dos Padres indicam que tal privilégio [i.e., sendo preservado de heresia quando não define uma doutrina] foi garantido por Cristo ao Sumo Pontífice: portanto o privilégio não deve ser afirmado.

“A primeira parte da prova é demonstrada do fato que as promessas feitas por Cristo a São Pedro não podem ser transferidas para outros Sumos Pontífices na medida que eles são pessoas privadas, mas somente como o sucessor de Pedro no poder pastoral de ensino, etc. A última parte é provada pelo fato de que é antes o contrário que se encontra nos escritos dos Padres e nos decretos: entretanto, não é como se os Pontífices Romanos fossem em algum momento hereges de facto (muito dificilmente alguém mostraria isso); mas foi a persuasão que poderia acontecer que eles caíssem em heresia e, portanto, se tal coisa parecesse ter acontecido, caberia aos outros bispos examinar e dar um julgamento sobre o assunto; como se pode ver no Sexto Sínodo, Ato 13; no Sétimo Sínodo, Último Ato; no Oitavo Sínodo, Ato 7 na epístola do [Papa] Adriano; e no quinto Concílio Romano sob o Papa Símaco: ‘Por muitos daqueles que vieram antes de nós, foi declarado e ratificado no Sínodo, que as ovelhas não repreendam seu Pastor, a menos que eles presumam que ele se afastou da Fé’. E em Si Papa d. 40, é relatado pelo Arcebispo Bonifácio: ‘Aquele que deve julgar todos os homens e não deve ser julgado por ninguém, a menos que por acaso ele seja descoberto que se desvia da Fé’. E o próprio Belarmino, livro 2, cáp. 30, escreve: ‘Nós não podemos negar que [O Papa] Adriano com o Concílio Romano, e todo o 8° Sínodo Geral, acreditavam que, no caso de heresia, o Pontífice Romano poderia ser julgado,’ como se pode ver em Melchior Cano, livro 6, De Locis Theologicis, último capítulo.

“Mas note que, embora nós afirmemos que o Sumo Pontífice, como uma pessoa priva, possa tornar-se um herege … no entanto, desde que ele seja tolerado pela Igreja, e é publicamente reconhecido como o pastor universal, ele ainda é dotado, de fato, do poder pontifício, de tal maneira que todos seus decretos não têm menos força e autoridade do que teriam se ele fosse um homem verdadeiramente fiel, como Dominic Barnes observa bem (q.1, a. 10, dúvida 2, ad. 3) Suarez livro 4, sobre leis, cáp. 7.

“O motivo é: porque é propício ao governo da Igreja, assim como, em qualquer outra comunidade bem constituída, que os atos de um magistrado público estejam em vigor enquanto ele permanecer no cargo e for publicamente tolerado.” [1] (Laymann)

Aqui nós temos um renomado canonista, da época de São Roberto Belarmino e Suarez (e da mesma ordem jesuíta), que aborda diretamente o que aconteceria se um Papa caísse em notória heresia, no entanto que ainda era tolerado pela Igreja e reconhecido como seu chefe. Ele explica que em tal situação, o Papa manteria o poder pontifício, e “todos seus decretos não têm menos força e autoridade do que teriam se ele fosse um homem verdadeiramente fiel.”

Agora, nós já podemos antecipar a resposta dos Sedevacantistas a essa citação. Eles sem dúvidas dirão “canonistas e teólogos não são infalíveis.” Essa, com certeza, é verdade, mas nenhum apologista Sedevacantista alguma vez produziu uma citação oficial que contradiga o que o Pe. Laymann escreveu. Tudo o que produziram foram citações que falam da questão especulativa sobre como um Papa perderia seu cargo (o que abordamos no nosso artigo “Erros Sedevacantistas do Fato e Lei”). No entanto, nunca produziram uma citação que aborda diretamente o que aconteceria se um Papa herege permanecesse no cargo, enquanto a Igreja (entendida como uma unanimidade moral dos católicos de todo o mundo) continuasse a reconhecer ele como seu chefe. Pe. Laymann, por outro lado, abordou a questão diretamente e citou outras autoridades que ensinam o mesmo. E nenhum teólogo respeitável que conhecemos jamais discordou do que ele ensinou. Isso porque a explanação do Pe. Laymann reflete o ensino e a prática constantes da Igreja Católica.

Traduzido por Deividson Arlan Libanio Lopes.

Fonte: http://www.trueorfalsepope.com/p/sedevacantist-watch-renowned.html

1 Comentário

  1. Roger

    Fica minha duvida: se ao relatar através de uma lógica básica que se “Joãozinho” para ser papa bastar ser católico e ter pleno uso da razão, considerando que ser católico é não ser herege porque uma pessoa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, assim como 1 é 1 enquanto ele é 1 e não 2 enquanto sendo 1 porque seria irracional afirmar que o Papa pode ser Herege, sendo que para ser Papa ele deve ser católico, ou seja, o que este texto ilógico está afirmando é que um papa pode sim ser papa e ser herege ao mesmo tempo, o que não faz sentido, meu cachorro não pode ser um gato e ser um cachorro ao mesmo tempo, assim como não pode existir um círculo que seja quadrado, a questão papal trata-se nada mais, nada menos do que premissas simples, ou o Papa é católico ou ele não é papa, porque não há possibilidades da existência de um Papa herege, é o mesmo que afirmar que Deus ao instituir e determinar que para ser sucessor de Pedro deve-se permanecer na fé, ser católico, não ser anti Cristo, é ilógico afirmar que posse existir 0,0001% de possibilidade de que um Papa Herege seja católico, PAPA HEREGE CATÓLICO existe isso? Por favor…. Se puderem me esclarecer este meu pensamentos com argumentos sólidos pois estou em luta terrível ao ler isso e pensar nas coisas mais simples e acabar refutando este Sacerdote, que Deus o tenha!

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